Professores e alunos ouvidos pela EPTV relatam resultados positivos com a medida. Alesp aprovou projeto de lei que proíbe aparelho nas escolas, mas ainda depende de sanção do governador. Estado de São Paulo aprova medida que proíbe uso de celulares em sala de aula
São Paulo pode se tornar o primeiro estado com uma lei que proíbe o uso de celulares nas escolas públicas e privadas. Um projeto de lei que determina a medida foi aprovado na terça-feira (12) pela Assembleia Legislativa (Alesp) e agora depende da sanção do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Embora ainda não exista uma legislação que obrigue os alunos a dispensarem o aparelho durante a aula, a prática já é instituída em uma escola particular de Campinas (SP). Segundo professores e alunos ouvidos pela EPTV, afiliada da TV Globo, a medida sofre resistência no início, mas traz resultados positivos como, por exemplo:
Melhora na relação entre alunos
Melhora na convivência
Mais concentração
Melhor comportamento em sala de aula
De autoria da deputada estadual Marina Helou (Rede) e coautoria de outros 40 parlamentares, a proposta restringe que estudantes usem qualquer tipo de aparelho eletrônico com acesso à internet durante o período de aulas, incluindo intervalos. O texto recebeu aval da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Alesp em outubro. ENTENDA AQUI O QUE PREVÊ A LEI.
Abaixo, o g1 detalha como é a rotina da unidade e o que a comunidade escolar pensa a respeito:
Celulares no armário e alunos mais concentrados
Celulares de alunos são colocados em caixas e trancados em armário de madeira em escola de Campinas
Reprodução/EPTV
Não é de agora que a escola decidiu confiscar os celulares no período das aulas. O professor da primeira matéria do dia recolhe os aparelhos com uma caixa e leva para um armário de madeira com cadeado, onde ficam guardados até a hora de ir embora. A regra vale para todas as turmas, até para o ensino médio.
“A proibição do celular em sala de aula vem há muitos anos, mas eles ficavam com o celular desligado na mochila. Em alguns momentos eles tinham o ímpeto de dar uma olhadinha, ver se chegou alguma mensagem. A escola, desde janeiro, optou pela caixinha nas salas de aula”, detalha a gestora educacional Thiara Pedico.
O professor Samuel Matias conta que a medida incomoda alguns estudantes no começo, mas eles se adaptam e há um resultado positivo. “Num primeiro momento a gente percebe que eles sentem falta e uma certa resistência em entregar o telefone. É como se estivessem perdendo um item de bastante valor”.
“Porém, a gente percebe que, depois de um tempo, eles entendem que dá para viver sem o telefone, que aquilo não vai fazer uma falta tão grande quanto eles pensam que faria. A gente percebe que as relações entre eles se intensificam e tomam outro formato”.
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Atividades de lazer para descontrair
Se a nova lei estadual for sancionada, os alunos terão uma nova adaptação. É que os telefones deverão ficar trancados também no intervalo e durante atividades extracurriculares, que normalmente ocorrem no período após a aula. Para amenizar o estresse dos alunos na adaptação, as atividades de lazer são reforçadas.
Quem está em contato com os jovens diariamente diz que jogos e brincadeiras precisam ser mais do que incentivados: devem estar sempre disponíveis para que eles consigam tirar o mundo digital da mente. O resultado está, mais uma vez, na melhora da relação interpessoal, como conta o estudante Mateus Alonso.
“A gente vai acabar se divertindo mais, vai acabar interagindo mais entre os alunos e não vai ficar no celular. Como [por exemplo], lá embaixo, no refeitório, a gente fica jogando truco”, relata. “A gente fica conversando, as vezes estuda por conta das provas. A gente joga ping-pong, futmesa”, afirma João Vitor Giorgetto.
Empresária e mãe de aluno, Daniela Moreira aprova as mudanças. “A escola é um momento para as crianças sociabilizarem, desenvolverem outras habilidades. Na escola eles têm que estar com a cabeça em outro lugar. Se você está com o celular na mão, acaba que deixa essas habilidades de lado”.
Medida vem em boa hora
IMAGEM DE ARQUIVO – Estudante usando celular
Leandro Ferreira/g1
Para a especialista em educaçção Dora Megid, as autoridades demoraram para tomar uma decisão a respeito do tema. Ela aponta que o aparelho é contraindicado para crianças e exige um uso cuidadoso entre os adolescentes. Os motivos incluem danos à capacidade de atenção.
“Para as crianças pequenas, as pesquisas já dizem isso. Até os 6, 7 anos, não deveria ter acesso ao celular. Não precisa. Tem outras maneiras de aprender, aliás, maneiras muito mais eficientes do que ficar na tela. Na fase inicial do desenvolvimento, ela não precisa ser usada”.
“Não que não devem ser usados os recursos tecnológicos. Devem, sim, ser usados, mas os recursos que a escola mesma deve oferecer. Para os alunos dos dois últimos anos do fundamental, até o médio, o interessante é que haja uma discussão sobre esse uso”.
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